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sexta-feira, 31 de julho de 2009

Levemos as cargas uns dos outros

"Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo" – Gálatas 6.2

(Eis mais uma mensagem sobre VIDA CRISTÃ, hoje sobre levar as cargas uns dos outros, cumprindo, assim, a lei de Cristo.)

Quem de nós já não sentiu o peso de uma carga pesada?! Hoje, praticamente tudo é mais fácil. Na colheita, já se busca o café colhido lá na lavoura com trator ou toyota. Nos portos, temos os enormes guindastes que carregam e descarregam os containeres dos navios... Em tempos passados, até em longas caminhadas, era nas costas que as cargas eram transportadas! Elas  apertavam, machucavam, cansavam e tornavam a vida penosa!

Como filhos de Deus, também temos nossas cargas a carregar. São as cargas das fraquezas, das faltas cometidas, as cargas das enfermidades, provações... São cargas que apertam, machucam, cansam e tornam a vida penosa!

A igreja de Cristo, que são os membros do corpo de Cristo, é uma COMUNIDADE SOLIDÁRIA, de amor e de amparo mútuo. É isso que temos no TEXTO desta pregação sobre VIDA CRISTÃ, de Gl 6.2: "Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo."

E eis, pois, o TEMA desta pregação sobre VIDA CRISTÃ: LEVEMOS AS CARGAS UNS DOS OUTROS!

Cristo já carregou a nossa carga, a carga mais pesada do mundo: a carga dos pecados do mundo inteiro. O Pai colocou esta carga sobre os ombros do seu Filho amado. Cristo pagou todos os nossos pecados com a sua morte na cruz. E ele mesmo nos convida nos Evangelhos: "Vinde a mim, todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei".

Por isso nós também não IGNORAREMOS as CARGAS dos OUTROS. Nem permitimos que sejam esmagados debaixo delas. Prestamos atenção às suas cargas, aos seus gemidos. Acolheremos as palavras apostólicas: "LEVAI AS CARGAS UNS DOS OUTROS"! A NTLH esclarece mais: "AJUDEM uns aos outros..."

1) Lutero, no seu grande Comentário de Gálatas (Obras Selecionadas, vol. 10, pág. 530ss. - Co-edição Concórdia e Sinodal)), diz que a lei de Cristo é a LEI DO AMOR MÚTUO... (é) carregar as cargas  do outro, isto é, carregar aquilo que é penoso para você e que não carrega com prazer. É necessário, portanto, diz Lutero, que os cristãos tenham ombros fortes e ossos robustos, de maneira que eles possam carregar a carne, isto é, a fraqueza dos irmãos. Ora, o amor é doce, benigno, paciente, etc., não em receber, mas em dar, pois é obrigado a fechar os olhos a muitas coisas e carregá-las. Na igreja, mestres piedosos vêem muitos erros, afirma Lutero, e pecados que eles são obrigados a carregar. A lei de Cristo, a lei do amor é como diz Paulo em 1 Co 13: "... tudo crê, tudo espera" e ajuda a carregar todas as cargas do irmão.

De fato, assim é a igreja de Cristo, que ele mesmo comprou com seu sangue! Comprados por Cristo, nós carregamos as cargas uns dos outros. Fazemos assim para que nenhuma ovelha, fraca ou quebrada, fique para trás e se perca eternamente. Se necessário, a carregada nos ombros e nos braços para o aprisco da vida eterna!

Somos "pequenos pastores" dos irmãos, especialmente dos mais fracos, e os ajudamos a suportarem e carregarem as suas cargas (- embora devamos ser firmes na pregação quando há ovelhas transviadas que não querem corrigir sua vida e nem se deixam restaurar, para que voltem do erro e não se percam eternamente!).

2) "Levai as CARGAS uns dos outros...". Que "cargas" são estas? Conforme o comentário Epístola aos Gálatas do Dr. Paulo Flor (Concórdia Edit.), o contexto de Gl 6.2 mostra que "levai as CARGAS..." aqui se refere, primeiramente, a lapsos morais, tentações e culpas, mas também a descrição de TODA TAREFA DE AMOR, pois isso dá a entender a frase que segue: "...e, assim, CUMPRIREIS A LEI DE CRISTO".

Que "LEI DE CRISTO" é esta? É a lei do amor, a lei de amarmos uns aos outros assim como ele nos amou. É o seu NOVO MANDAMENTO – embora já tão antigo! NOVO porque tudo se tornou novo e vivo com a sua manifestação de entregar a sua própria vida na cruz por nós! O Bom Pastor dá a vida pelas ovelhas, para que nenhuma se perca eternamente!

"LEVAI as cargas...", segundo o Prof. Paulo Flor, também significa, no NT, "SUPORTAI as cargas"! E é este o sentido mais adequado aqui: "SUPORTAI as cargas uns dos outros". Isto é, somos chamados a colocar os nossos ombros debaixo das cargas pesadas daqueles que estão gemendo, para os ajudar a suportarem o peso!

Ajudamos os irmãos a superarem seus problemas. Lutamos juntos com os fracos nas suas faltas e falhas para que as superem e vençam. Em outras palavras, amparamos e damos suporte ao irmão para que não desfaleça e se perca. Socorremos o irmão a vencer as suas próprias falhas e provações. Intercedemos ao Pai em favor do irmão – como Jesus orou ao Pai para que não se perdesse nenhum daqueles que o Pai lhe havia concedido!

Levar as cargas é precisamente isto: Socorrer as ovelhas fracas e quebradas, especialmente dar-lhes suporte, sustentação, nas tentações e provações, para que não fiquem para trás na nossa caminhada à Canaã Celeste.

Para não perder nenhuma ovelha para o lobo voraz, o diabo, o Bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas, para as salvar!

Essa será também a nossa atitude como ovelhas do Bom Pastor! Cantamos no Hinário Luterana, hino 538, estrofe 2: "Amparemos todos por amor a Deus; não nos afastemos dos caminhos seus..."  Vale repetir: A congregação cristã é uma COMUNHÃO DE SOLIDÁRIOS, de AMPARO E SUPORTE MÚTUO! A Comunidade Cristã é um reflexo do amor do Bom Pastor! Cada um por todos!

Jesus se fez amigo dos publicanos e pecadores, dos execráveis da sociedade e da religião da sua época! Jesus o fez para que não se perdessem nas suas culpas (Mt 11.19). Ele veio buscar e salvar o que se havia perdido! Jesus chamou o publicano Mateus lá na sua coletoria em Cafarnaum: "Segue-me!". Mateus o seguiu, escreveu o Evangelho de Matheus para a salvação de muitos! MATEUS significa PRESENTE DE DEUS!

A irmandade cristã consiste em que ninguém precisa levar a sua carga sozinho! As ovelhas ainda fracas, com fraturas... não serão deixadas para trás. Como o Bom Pastor as carrega no seu seio à vida eterna, assim suportamos, amparamos e carregamos aquelas que gemem debaixo das suas cargas! Se um membro do corpo de Cristo sofre, todos sofrem com ele (1Co 12) – assim como todo o nosso corpo sofre quando um braço é fraturado, um olho é vazado...!

Mas, o exemplo supremo sempre será o do Senhor Jesus: Carregando, ele mesmo, no seu corpo, sobre o madeiro, os nosso pecados... por suas chagas fostes sarados (1 Pe 2.24).  Nele há alívio, descanso e cura para todos os povos. Felizes os que crêem nele! Confiaremos nele!

Se Cristo carregou a pior carga, nós também ajudaremos a carregar as cargas uns dos outros, sem querermos pagamento em troca (Lc 6.35)! De presente ganhamos, de presente ajudamos!

Infelizmente, não somos perfeitos e não temos congregações perfeitas que carreguem as cargas uns dos outros com todo amor, humildade e paciência! Sempre há a ambição de queremos ser superiores aos outros, de vivermos nossa vida centrados em nós mesmos! Sempre há a tentação e queda de procurarmos a nossa própria fama e engrandecimento,  talvez  a fama da nossa denominação religiosa – e não a de Cristo! O orgulho é abominável a Deus! Ele resiste aos soberbos. Serão humilhados. Mas os humildes serão exaltados!

Autoestima INCHADA é pecado – diz o professor Paulo Flor no seu comentário Gl 6.2! Pois a nossa suficiência vem de Deus. A ele pertence toda a glória!  "Sem mim, nada podeis fazer" – diz Jesus em Jo 15!

"Cristãos" arrogantes não sentem simpatia e compaixão com as cargas alheias, muito menos vontade de ajudar os sobrecarregados. "Cristãos" arrogantes, farisaicos, torcem para que os faltosos e fracos se esmaguem debaixo das cargas e sejam fulminados! (Obs.: Até aqui, quase todas as idéias são tiradas do Comentário de Gálatas, Dr. Paulo Flor).

"Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumpriremos a lei de Cristo". O Senhor nos pede isso e nos ajuda com o seu Espírito Santo. Podemos amar e amarmos porque ele nos amou primeiro! Eis "a lei de Cristo", seu "novo mandamento", "amai... assim como eu vos amei"!

Cristo já carrego, no madeiro, as nossas carga e culpas, e as pagou cem por cento. Por isso nós também ajudaremos a CARREGAR AS CARGAS UNS DOS OUTROS. Amém.

Pastor Juarez Borcarte – Itarana, ES

quinta-feira, 30 de julho de 2009

O nosso maior desafio

Cada um de nós tem desafios diferentes. A vida é feita de desafios diários.

Para a criança, o maior desafio é conseguir dar os primeiros passos, falar as primeiras palavras e escrever o próprio nome.

Para quem perdeu os movimentos nas pernas, transportar-se da cama para a cadeira de rodas, é um desafio. Para quem sofreu um acidente e está reaprendendo a andar, o desafio está em apoiar-se nas paredes e nos móveis da casa, e tentar mover um pé, depois o outro.   Para quem perdeu a visão, o grande desafio é viver uma nova realidade.

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Para o analfabeto, o maior desafio é dominar aqueles sinais que são as letras, que colocados um ao lado do outro formam palavras e, que formam frases. É conseguir tomar o lápis e escrever o próprio nome, em letras de forma. É conseguir ler palavras pequenas com a ajuda dos óculos.  Para o homem, o maior desafio é ser pai e educar os filhos para que cresçam obedientes e estudiosos, sejam alguém na vida, dos quais tenham orgulho.

Cada qual, dentro de sua realidade, verá qual o seu maior desafio.

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Para vencer um desafio é preciso ter disciplina, ser persistente, ser diplomático, saber perdoar-se e perdoar os outros.   É ser otimista quando os outros são pessimistas. Ser realista quando os demais estão com os pensamentos na lua. É saber sonhar e ir em frente.  É persistir, mesmo quando ninguém nos dá apoio.  Acima de tudo, o maior desafio para crianças e adultos, homens e mulheres, deficientes ou não, pais e mães, para todo ser humano, o maior desafio é:  Andar com Cristo sempre!


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Com que freqüência se escutam pessoas dizendo que, vão fazer regime, que vão estudar mais, que vão fazer exercício todo dia, que vão ler mais, que vão assistir menos televisão, que vão trabalhar mais, que vão aprender coisas novas, etc...   Mas, nem todas pensam em "andar com Cristo sempre!"  E esse é o maior desafio que o ser humano e cristão tem na vida. Não apenas um desafio, mas, um privilégio que Deus nos deu.

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Você pai, tem esse privilégio nas mãos, então dê graças a Deus por ele e aproveite enquanto há tempo ou, como diz o ditado: "Viva cada dia como se fosse o último de sua vida".

Falar, reclamar ou criticar são os passatempos mais populares do mundo, perdendo só, talvez, para o passatempo de culpar os outros pelo que acontece com a gente. Então, o maior desafio é andar com Cristo sempre!

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E não adianta você dizer que não consegue porque não tem tempo, que não enxerga bem, ou porque é analfabeto, ou porque é gordo ou magro, ou porque você é velho demais, ou porque você é pai etem os filhos pra se preocupar;  ou por isso, ou por aquilo.

Aprenda na palavra de Deus com o Salmista, que diz:

"O SENHOR nos guia no caminho em que devemos andar e protegeaqueles cuja vida é agradável a ele."    Sl 37:23

Quando algo não der certo pra você, pai, volte sua confiança a Deus.  O objetivo do crente é não desistir, afinal, quem desiste dos seus objetivos são os perdedores, ou seja, os que não confiam em Deus.

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Nós, em Cristo, somos mais que vencedores, e sempre enfrentaremos desafios e, o maior deles é andar com Cristo sempre!

Pai, no seu dia, o mundo todo se inclina pra você que, das obras da criação, é a mais firme e serena, você que trabalha, batalha, constrói, faz força e tem a voz forte, Deus lhe deu um desafio, um desafio que pode ser considerado um privilégio.  Ser pai.

Lembre-se: Problemas são desafios. E por isso, é importante cultivar o bom ânimo e a fé no coração, para quando vierem os desafios, você poder suportá-los pela fé em Jesus Cristo, aquele que não nos deixa desamparados.

AMÉM!

2 Coríntios 1.3-7 - O que Deus espera dos pais?

No Senhor Jesus, estimados irmãos e irmãs.

O 2º domingo de agosto é o Dia dos Pais. Mas quando foi festejado o primeiro dia dos "pais?" Sem dúvida, quando Adão e Eva tiveram o seu primeiro filho, Caim. Quando Eva entregou o seu filho à Adão e lhe disse: "Com a ajuda do Senhor, tive um filho homem"(Gn 4.1). Quando Adão tomou seu filho primogênito nos seus braços e o olhou com toda a fascinação. Ali começou o "dia dos Pais!".

Porem no Brasil, o Dia dos Pais passou a ser lembrado, parece que por volta do ano de 1930. Ele foi instituído principalmente para aquecer o comercio nesta época do ano.

Ao longo da história, conforme a ordem do quarto Mandamento: "Honrarás o teu pai e a tua mãe para que te vã bem e vivas muito tempo sobre a terra," – entre as mais diferentes nações e culturas, também entre as tribos indígenas, o pai sempre foi respeitado e honrado. Os antigos egípcios consideravam o desrespeito ao pai, um dos sete pecados capitais. Entre os gregos, o pai era igualmente muito respeitado. Os latinos honravam seu imperador, Júlio César, com o mais alto e nobre título, chamando o de: "Pai da Pátria". Um costume que seguimos quando chamamos os patriarcas da igreja, os chamamos de "Pais da Igreja".

Mas Por que lembrar este dia?

Em primeiro lugar quero citar dois depoimentos: O poeta Matthias Claudio (1740-1815) disse: "Quando oro o Pai Nosso, lembro do meu pai. Como ele foi bom, sacrificou-se pela família. Assim é Deus, meu Pai celestial." – Outro depoimento de uma jovem: "Não gosto da palavra pai. Ela lembra meu pai, que foi um (bêbado) cruel para com minha mãe e com os filhos."

Na verdade, se queremos refletir um pouco sobre a palavra "pai", é importante não pensarmos, em primeiro lugar, em modelos humanos, mas precisamos levantar nossos olhos para o "Pai Celestial. – O apóstolo Paulo se refere à Deus assim: "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdia e Deus de toda consolação" (2 Co 1.3). – Por isso, na exposição do Pai Nosso, Lutero acentua: "Por esta palavra, Deus quer nos atrair carinhosamente, para crermos que ele é o nosso verdadeiro Pai e nós, os seus verdadeiros filhos, e podemos pedir a ele todas as coisas sem temor, com toda a confiança, como filhos amados do querido pai."

Deus Pai!   Deus tem usado esta sublime palavra para revelar as suas criaturas sua essência e seu amor. Ele é nosso Criador, conforme o confessamos no 1º Artigo do Credo Apostólico: Creio em Deus Pai, todo poderoso, Criador de céu e terra.  Isto significa que:

 "Creio que Deus me criou a mim e a todas as criaturas; e me deu corpo e alma, olhos, ouvidos e todos os membros, razão e todos os sentidos, e ainda os conserva;... supre-me;... protege-me, me guarda, por sua paternal e divina bondade e misericórdia. Por tudo isto devo dar-lhe graças e louvor, servi-lo e obedecer-lhe.

 – E muito mais do que isto. Deus Pai, ele nos amou em seu Filho, Jesus Cristo, que salvou a humanidade. Assim, em Cristo, nosso Criador tornou-se nosso Pai, o Pai de toda a misericórdia, para todos os que crêem em Cristo, que podem se achegar agora a Deus, sem temor e com toda a confiança, como filhos amados a seu Pai amado. Isso é uma bênção sem tamanho.

Mas como posso ser um bom pai? Segundo o que Deus espera de mim?

O dia dos Pais nos convida a refletirmos sobre este maravilhoso dom de ser cooperador de Deus na procriação da raça humana. Que privilégio! Que responsabilidade. De onde vem aos homens a força, a sabedoria e o consolo para o cumprimento de sua missão? Pois ser pai é um título eterno e de alto significado. Importa olharmos para o nosso Pai celestial, de quem recebemos o dom da paternidade, para exercê-lo conforme sua vontade e na força que ele concede.

Qual é a responsabilidade de Pai?    Inicialmente convém lembrar que vivemos num mundo em trevas, no qual o dom de Deus da sexualidade é pervertido. (Rm 1.21-22). Aos jovens convém lembrar que o matrimônio foi instituído por Deus e importa que sigamos, para a glória de Deus e nossa felicidade, como Deus a instituiu. Não se deixem enganar. Sigam o caminho traçado por Deus.

Aos pais, o apóstolo escreve: "Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e Deus o cabeça de Cristo" (1 Co 11.3). Aqui começa a verdadeira paternidade, "ser Cristo o cabeça de todo o homem."    Ter Cristo no coração, ser sacerdote do lar. Ser um pai que vive em comunhão com Deus e tem Cristo no coração. Isto implica em ler e estudar a Bíblia, em dar ouvidos a Cristo e deixar dirigir-se pelo Espírito Santo, que nos guia pela palavra de Deus. Alguém que vive uma vida de oração.

Ao pai, como cabeça da família, cabe a responsabilidade de dirigir a família.

A expressão cabeça indica a responsabilidade de dirigir a família, dar direção à família, liderar. Sua primeira responsabilidade é guiar a família na comunhão com Deus. Pois ele é o sacerdote do lar. Isto requer dele que ele próprio esteja em diária comunhão com Deus. Que seja uma pessoa disposta a ouvir a Deus, tanto pelo ler a Bíblia como ouvir a Deus nos cultos, que seja um homem de oração. A vida em comunhão com Deus requer que o véu, que nos separa de Deus, que é o pecado, seja diariamente removido por contrição e arrependimento e pelo apego à graça de Cristo.

Ao pai cabe também exercer a disciplina no lar, isto é a tarefa de educar. É necessário admoestar os filhos em nossos dias em relação às coisas oferecidas pelo mundo.  É preciso revestir à família com "a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas do diabo" (Ef 6.11).  Mas educar os filhos na disciplina de Deus é uma tarefa muito difícil em nosso contexto cultural. As armadilhas são muitas. A desorientação também. Precisamos de Deus para esta tarefa.

O Pai provê o sustento para a família. Cumpre-lhe o trabalho árduo para sustentar sua família, ensinando assim, seus filhos a fazerem o mesmo. Nisto ele deve ser apoiado pela esposa.  Ele busca o melhor para sua família e não tem medo de sacrifícios.

O pai luta para vencer as Tentações.

A família, muitas vezes por diversos fatores, fica em segundo plano. Hoje, mais do que nunca, as tentações estão na moda. E oportunidades para isto não faltam. Mas há o perigo de buscamos alegrias pecaminosas, deixando-nos seduzir pelas atrações pecaminosas, que desagrada o amor, a dignidade e a família.   Corremos, somos estimulados ao pecado, o que nos leva muitas vezes a negligenciar a família.  Talvez aí está a razão da voz forte e imponente do homem que se torna pai, a de usar ela para dizer NÃO as tentações e sim para a família e os filhos que Deus o deu.

Aos pais importa sobretudo, Vigiar e Orar.

Como fazer isto? Mantendo comunhão com a cabeça, que é Cristo, pelo ler e ouvir de sua palavra. Por outro, como vimos no evangelho, pela oração, para podermos desvendar as armadilhas de Satanás, sermos fortalecidos na fé para fazer a vontade de Deus. – A responsabilidade é grande pois teremos que prestar contas a Deus por nossa família.

Muitas vezes sentimo-nos fracos, desanimados, incapazes e diante de enormes problemas. Mas Jesus prometeu estar ao nosso lado, nos amparar e fortalecer.

Podemos recorrer a Ele em oração. O evangelho diz que Deus Pai nos atenderá. Ele nos dará o seu Espírito Santo. Sim, o Espírito Santo, o que conduz em toda a verdade, o que consola, que ampara a fortalece. Ele nos orienta na condução do lar, na educação dos filhos. A ele podemos expor nossas ansiedades, nossos problemas, nossas dificuldades espirituais e materiais. Ele não nos abandonará nunca, jamais.

Assim queremos Celebrar o dia dos Pais, com gratidão, suplicando perdão a Deus por nossos muitos erros na administração de nossa família,  pedindo que nos conceda rica medida do Espírito St para o cumprimento de nossos deveres como verdadeiros sacerdotes do lar, assim como Cristo é da igreja.

E que Deus nos ajude a sermos bons pais e sacerdotes do lar, afinal, é isso que ele espera de cada um de nós, especialmente de você, Pai. Feliz dia dos pais pra você!

Amém.

Êxodo 16.2-15 - Deus mostra sua misericórdia

O povo de Israel tinha vivido como escravo de Faraó no Egito. O sofrimento tinha sido grande.  Deus viu o sofrimento deles e prometeu tirá-los de lá e levá-los para a terra prometida. Para isso enviou Moisés seu servo. Mas faraó de forma alguma queria deixá-los sair. Para poderem sair de lá, foi necessário Deus enviar 10 terríveis pragas para quebrar o coração duro de Faraó.  Quando finalmente saíram, encontraram o Mar Vermelho como barreira. Aí o povo reclamou contra Moisés. Deus ouviu a reclamação e mandou que Moisés erguesse a vara e Deus dividiu o mar ao meio e eles puderam passar. O exército de Faraó os seguiu e o mar se fechou sobre eles. Eles tinham presenciado uma gloriosa ação de Deus.

Faziam agora 45 dias que o povo de Israel havia iniciado a caminhada rumo à terra prometida. Depois de terem presenciado toda ação de Deus no decorrer das dez pragas e da passagem pelo Mar Vermelho, começaram a reclamar contra Moisés e Arão.

Nestes poucos dias de caminhada, já era a terceira vez que o povo reclamava. A primeira foi diante do mar Vermelho, quando viram o exército de Faraó chegando.  A Segunda vez foi quando, após a passagem pelo mar, estavam caminhando três dias e não tinham água. Chegaram a um local de água, mas as águas eram amargas. E agora, com fome, sem ter o que comer, reclamaram com Moisés e Arão. Não houve revoltas. Houve queixas. É compreensível. O mantimento trazido do Egito tinha acabado. O povo era numeroso. Podemos imaginar crianças chorando, gado berrando. De um lado estava o mar. E de outro o deserto. O desespero bateu à porta. Não é por nada que reclamaram com Moisés V. 3.  Será que é possível compreender as queixas deles? Podemos concordar com elas?

Há, pelo menos, problemas que podemos destacar. Primeiro é que eles olharam muito cedo para trás. Aquele que se queixa, normalmente só vê o mal pela frente e não reconhece os benefícios que podem estar pela frente.

Segundo, é que eles se comportaram como se Deus não tivesse a situação sob seu controle. Oras, eles tinham acabado de ver que Deus tinha agido a favor deles e contra os egípcios naquelas dez pragas. Depois ele tinha dividido o mar ao meio. Será que este mesmo Deus não podia continuar sustentando este povo? Em vez de entregar as necessidades a Deus e confiar no Senhor, o povo murmurou contra Moisés.

Os dias de hoje não são diferentes. As queixas e reclamações continuam fazendo parte da vida do povo. A vida em grande parte se faz de reclamações. Até mesmo os filhos de Deus tem suas queixas. Não que não podemos reclamar. As reclamações podem ter um bom motivo, principalmente se algo está errado.

Mas quando reclamamos é fácil de lembrar só das coisas boas do passado. O povo de Israel lembrava-se das panelas cheias de carne, mas esquecia do trabalho forçado e das chibatadas que levavam para produzir tijolos.

Assim as nossas reclamações podem ter um fundo justo, mas elas também podem ser o sinal de falta de confiança nas promessas de Deus. Se temos reclamado em demasia, pode ser que não tenhamos acreditado que Deus está no controle da situação. Em sua Palavra Deus nos promete a sua presença e companhia em todos os dias da vida. A nós cabe confiar nisso. Deus sabe o que está fazendo. Ele sempre está no controle da situação.

O interessante é que Deus ouviu o lamento do povo e deixou que, mais uma vez a sua misericórdia se revelasse. Naquela mesma tarde enviou uma nuvem de codornas e eles puderam comer carne. E diariamente fazia cair o maná para eles poderem recolher.

O texto do evangelho de hoje nos mostra um aspecto semelhante.  Jesus, diante de uma multidão faminta, faz o milagre da multiplicação dos pães e peixes. Com cinco pães e dois peixinhos Jesus alimentou cinco mil pessoas.  No dia seguinte a multidão foi, novamente, à procura dele. Conhecendo a intenção deles, Jesus disse: "Vocês estão me procurando porque comeram os pães e ficaram satisfeitos e não porque entenderam meus milagres" (v.26). E então os exorta dizendo: "Não trabalhem a fim de conseguir a comida que se estraga, mas a fim de conseguir a comida que dura para a vida eterna." Neste momento, Jesus se apresenta como Salvador, como pão da vida, convida as pessoas a crer nele e a viver sustentados por ele. E em conclusão, Jesus diz que pode dar a eles muito mais do que o maná, nos dias de Moisés, e muito mais do que pães e peixes. Jesus pode dar a vida eterna.

A gente pode comparar os nossos dias de reclamações e queixas como os dias nublados. Parece que naqueles dias o sol deixou de existir. Mas na verdade ele está lá por cima das nuvens.  Assim também parece que, nas tribulações, Deus deixou de existir. Mas na verdade ele está lá, por cima de tudo, no controle de toda situação.  A presença dele e a misericórdia nos acompanham diariamente. Amém

Pastor David Karnopp - Vacaria (RS)

quarta-feira, 29 de julho de 2009

João 6.22.35 - Jesus é a vida que você procura

Introdução:

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! O que vocês mais necessitam na vida atualmente? A necessidade nos leva a buscar, logo, concluo que todos os que necessitam de algo, estão em busca.

Mas em busca do quê? Para quê? No decorrer da mensagem essas perguntas voltarão.

Então vamos voltar ao texto do evangelho de João! Vou fazer um breve resumo.

Para entendermos esse texto de João, precisamos dar atenção especial ao contexto, principalmente o anterior.  Qual é o contexto anterior? A multiplicação dos pães e peixes. Jesus estava em Tiberíades e uma multidão o acompanha para ouvir seus ensinamentos. Jesus percebendo que o povo estava com fome, perguntou a Filipe onde comprariam pão para alimentar tanta gente. Filipe disse que seria impossível comprar pão para aquela multidão toda. André disse para Jesus: "Temos cinco pães e dois peixinhos". Jesus disse aos discípulos: "fazei o povo assentar-se", e tendo dado graças, distribuiu pão e peixe à todos. Um sinal do céu, um milagre! Algo extraordinário!

Antes de amanhecer, Jesus foi para Cafarnaum, foi caminhando sobre as águas. Chegamos ao nosso texto! A multidão procurou, buscou a Jesus para ganhar mais pão. (vv. 24-25).

I. Parte:

Estimados! Jesus era muito dinâmico em seus ensinamentos, Ele disse que era o pão da vida, porque as pessoas estavam procurando mais pão. Então pensei em propor uma reflexão diferente, usando o mesmo sentido do texto, porém trazendo para os nossos dias, para o nosso contexto.

Hoje vocês vieram à procura de Jesus! Verdade? Verdade. Vocês não acordaram e disseram para seus familiares: "Vamos procurar Jesus! Vamos atrás dele!" Não! Vocês disseram: "Vamos à igreja!" E vindo à igreja, você estão procurando, vocês estão buscando a Jesus.

Daí eu pergunto: O que vocês querem achar? É uma pergunta meio boba, não é verdade? Então, vou fazer outra pergunta para vocês compreenderem melhor. Vocês estão buscando a Jesus, ou o que ele pode oferecer, materialmente falando?

Aquela multidão não estava procurando por Jesus, eles estavam procurando aquele que poderia lhes oferecer mais pães.

E tem mais! Não adiante tentar engambelar, Jesus vai direto ao assunto. O povo perguntou: "Mestre, quando chegaste aqui?" Jesus… vai direto: "vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes". (v.26).

Alguém veio hoje, com a intenção de conseguir pães de Jesus? Não. Mas todos vieram com um objetivo. Hoje, vocês vieram à procura de Jesus. Vocês o encontraram! Porque Ele prometeu: "onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estarei no meio deles".

E Jesus com certeza diz para muitos: "Vocês vieram me procurar só porque eu os livrei daqueles sofrimentos? Ou porque alguém disse que eu tenho o poder para livrá-los do sofrimento que vocês estão passando?"

Para outros Ele diz: "Vocês vieram me procurar só porque vocês estão passando por necessidade?"

"Vocês vieram me procurar só porque vocês estão com problemas, com os filhos, com os pais, com a sua esposa, com o esposo?"

"Vocês vieram me procurar só porque querem ficar ricos?"

"Vocês vieram me procurar só porque a consciência os acusa de que vocês têm que vir a igreja?"

II. Parte:

Estimados irmãos e irmãs! Talvez vocês reconhecem que vieram somente buscar coisas materiais, então vocês arrependidos perguntam assim; como a multidão perguntou: "Que faremos para realizar a obra de Deus?"

Não sou Cristo, mas tenho a sua resposta, a mesma que Ele deu à multidão: "CREIA EM MIM!" "Busque a mim!" "Busque a vida eterna".

Ao dar esta resposta à multidão, eles perguntaram: "Que sinal fazes para que o vejamos e creiamos em ti"?

Muitas vezes pedimos um sinal para Deus. Às vezes tentamos fazer uma barganha: "Se o Senhor fizer isso, eu vou crer em ti!" Quando passamos por tribulações, logo pensamos em ir à igreja, uma forma de pagar a Deus por aquilo que Ele fez ou irá fazer. Mas Deus não quer pagamento, Ele quer você, a sua vida.

A multidão pediu um sinal, a multiplicação dos pães foi um sinal. Hoje, talvez pedimos um sinal. Esse sinal já foi dando. O maior sinal do pode e do amor de Deus é aquele (apontar para a cruz). A cruz é o sinal de que Cristo veio a esse mundo, viveu para nos mostrar que a vida não se limita a esse mundo. Ele poderia ter as maiores fortunas desse mundo, ele poderia ocupar o melhor cargo, poderia ter todo ouro, todo luxo. Porém, não tinha onde reclinar a cabeça.

Nos ensinou a acumular tesouros nos céus, onde ninguém pode tomar, nos ensinou a amar o nosso próximo e também a perdoar. Nos deu exemplo de humildade, de paciência, de compreensão.

Nos ensinou a busca-lo em primeiro lugar e prometeu aos que assim agissem, que as demais coisas seriam acrescentadas.

Por fim, Ele morreu em nosso lugar, para ser o pão da vida, a água que sacia a nossa sede espiritual. Não precisamos pedir nenhum sinal para crermos em Jesus, pois o seu morrer em nosso lugar, é o maior sinal de amor e misericórdia que alguém pode fazer.

Conclusão:

Jesus é a vida que você procura! É o tema que propus para essa mensagem. Que vida você procura? Uma vida de paz e alegria. Quem de vocês já desejaram algo e pensaram: "Quando eu conseguir isso eu vou ser muito feliz?" Todos? Quantos já conseguiram? E ai? Estão mais felizes? Acredito que não! Nada nesse mundo pode oferecer aquilo que somente Cristo tem para nos oferecer; A Verdadeira Vida (Vida Eterna).

Andamos ansiosos, buscamos bens, status, alegria, dinheiro e esquecemos de buscar a Cristo. Façam o contrário, busque a Cristo, o seu amor, busque a salvação! As outras coisas nos serão acrescentadas! É a promessa de Deus.

Quando ouvimos falar do amor de Deus, nos dá fome; fome de crer de confiar, de colocar esse amor em prática. Hoje vocês podem sair daqui alimentados, pois o pão da vida está aqui, na Palavra e nos sacramentos. A santa ceia é o momento em que provamos aqui no mundo do banquete espiritual que Deus no oferece. Provamos o corpo sacrificado e o sangue derramado.

Preciso lembrá-los ainda que esse pão é precisa ser consumido diariamente, se vocês deixarem para se alimentar somente no domingo que vem, vocês vão estar cambaleando, e quanto mais frágeis e com fome vocês ficarem, mas fácil será para o diabo os derrubar e  destruir.

Jesus é a vida que vocês procuram. Amém.

Pastor Reginaldo Veloso Jacob - Ipatinga, MG

Mel, limão e atenção

O que é verdade e o que é mentira sobre esta gripe? Corre pela internet o texto "Pandemia do lucro" alertando que há um grande alarde com interesses comerciais para vender o Tamiflu. Fiz uma pesquisa sobre os lucros da referida empresa com este remédio, e as informações são intrigantes. Nos anos da gripe aviária, 2006 e 2007, foram aproximadamente 4 bilhões de dólares (esta gripe matou 250 pessoas em dez anos). Em 2008, as vendas caíram para 600 milhões de dólares. Mas agora, com a nova gripe, as vendas do Tamiflu aumentaram em 203%, ou seja, houve um lucro de 1 bilhão de dólares (uma caixa com dez comprimidos custa 170 reais aqui no Brasil). Enquanto isto, a Organização Mundial da Saúde confirmou nesta semana que a gripe suína continua semelhante a qualquer outro tipo de gripe. Até o momento há em torno de 135 mil casos desta gripe no mundo, e as mortes não passam de mil pessoas.

Por enquanto é mais fácil morrer atropelado do que por este vírus H1N1. Evidentemente que o vírus requer dobrada atenção, igual ao atravessar uma rua movimentada. Mas transformou-se em paranóia. E pelo jeito um medo interessante e lucrativo. O que não é novidade na medicina, e nem na própria religião – "meio de enriquecer" (1 Timóteo 6.5). E com uma fórmula parecida: semeando pânico. Quantas pessoas entregam seus bens materiais, se sacrificam, cumprem ritos, tudo por conta do pavor provocado pela propaganda de um Deus que castiga, de um Diabo que entra no corpo. Sim, quanta gente supersticiosa infectada pelo vírus da fobia. E olha que o mês do cachorro louco vem aí...

Há informações que a vacina contra o vírus que causa a gripe suína já pode ser fabricada no Brasil pelo Instituto Butantan, mas a permissão está sendo negociada com os fabricantes. Qual o valor desta liberação – os royalties? Mas se é uma pandemia mundial porque não fazer de graça? Ora, de graça nem injeção na testa. Mas se viesse gratuitamente, com certeza algum cambista entraria no meio. É o que fazem com o remédio do Evangelho, que vem dos céus sem nenhum custo, pois "é um presente dado por Deus" (Efésios 2.8). Foi o que o apóstolo revelou para uma escrava que era obrigada a enganar as pessoas adivinhando o futuro. Mas "quando os donos da moça viram que não iam mais ganhar dinheiro com as adivinhações dela, agarraram Paulo e Silas..." (Atos 16.19). Que Deus nos proteja!

O médico Moacyr Scliar escreve sobre a gripe que é "melhor falar do que calar". E lembra a meningite de 1974 que o governo brasileiro proibiu de divulgar e o resultado foi catastrófico. Na verdade, em tudo é preciso informação, e de boa qualidade.  Afinal, quando Jesus falou sobre as "epidemias" como sinal dos tempos, antes alertou: "Tomem cuidado para que ninguém engane vocês". E disse ainda: "Não tenham medo"(Lucas 21. 8-11). Penso que esta gripe é uma boa oportunidade para tomar um chazinho com mel e limão, e ficar atento com o surto das informações.

Pastor Marcos Schmidt - Novo Hamburgo (RS)

terça-feira, 28 de julho de 2009

Efésio 4. 1 – 16 - Iguais e Diferentes (Sermão)

Introdução

Todas as pessoas são diferentes uma da outra. E dentro da igreja isso é bem observado. Seja pelo agir e pensar de cada cristão seja pelos diversos dons que cada um tem.

Todos nós sabemos que não somos iguais, mas mesmo sabendo disso, como nós agimos, ou reagimos diante da diferença? As atitudes e reações são diversas, separação, preconceito, fofoca, intriga, desunião, etc.

Vejamos que esse problema, pessoas diferentes, dons diferentes, já é antigo. E vejamos que conselhos práticos o apóstolo Paulo dá aos cristãos de Éfeso e a nós também.

Desenvolvimento

Conselhos práticos para superar as diferenças.

O apóstolo Paulo era um pastor prático. No capítulo 3 de Efésios mostra a todos que o grande mistério de Deus é ter unido pela fé numa mesma igreja, judeus e não judeus. Conforme o apóstolo Paulo a fé é o maior e melhor presente que Deus havia concedido àqueles cristãos em Éfeso, "Pois pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é um presente dado por Deus" (2.8).

Sabemos nós que ao Pai é atribuída a obra da criação, ao Filho a obra da redenção e ao Espírito Santo a obra da santificação. O Espírito Santo opera a fé, e além da fé, nos dá dons. E justamente, eram os dons que estavam causando desunião e discórdia em muitas comunidades naquela época. Para resolver essa situação Paulo dá conselhos práticos aos cristãos, e esses conselhos valem para nós também.

Toda vez que o apóstolo Paulo fala sobre o uso dos dons, ele usa a metáfora de um corpo. E nesse sentido, sempre instrui a todos que o objetivo dos membros do corpo não é desunir, mas unir. Todos os membros do corpo são diferentes, mas cada um exerce uma função importante para todo o corpo, para edificação do próprio corpo.

Da mesma forma Paulo ao usar essa metáfora na questão dos dons, que são diferentes, ele instrui que esses dons não é beneficiar a própria pessoa, o propósito de Deus é comunitário. O objetivo principal é enriquecer a igreja. Com a diferença de dons, Deus está interessado na saúde interna da igreja, pois ao dar dons, deseja unir a igreja, e essa união não vem de nós, mas como diz Paulo no v.3 "Façam de tudo para conservar, por meio da paz que une vocês, a união que o Espírito dá". É o Espírito que nos une, na mesma fé, num único e verdadeiro Deus. Pelo batismo  nos dá a fé, no mesmo Senhor e nos faz integrar o mesmo corpo. E nesse mesmo corpo Deus age com seu amor e sua misericórdia.

Deus sempre atuou na história para nos unir a Ele novamente. Deus enviou sue Filho Jesus Cristo para nos salvar. Deu e dá o seu Espírito para nos trazer à fé verdadeira. E junto a fé nos capacita para o seu serviço, dando a cada um de nós dons, vocações para enriquecer o corpo que é a igreja. Deus concede ainda hoje a sua igreja pastores, leigos fiéis e consagrados, grandes músicos, grandes oradores, belíssimos talentos de trabalho com ornamentação, até mesmo pessoas que se colocam a disposição de limpar a igreja, dá pessoas que ofertam o máximo para manter a pregação, etc.

E em meio a essas coisas maravilhosas que Deus concede a sua igreja aqui neste mundo, o que acontece? Infelizmente a velha natureza, o pecado nos conduz ao egoísmo e individualismo. E todo o propósito de Deus, que é unir a igreja, acaba servindo de base para que as pessoas se desunam e deixem que a igreja fique doente.

Deus que nos une na fé, nos manténs unidos numa mesma igreja, sendo assim, tudo é para o bem comum. E sendo tudo para o bem comum, façamos de tudo para manter o bem comum. Esse é o conselho prático do apóstolo Paulo. No corpo de Cristo que é a igreja, não existe um dom melhor que o outro, existe sim, um elo que nos une apesar de todas as diferenças, esse elo é a FÉ. Na fé somos membros do corpo de Cristo, somos filhos do mesmo Pai, e habita em nós o mesmo Espírito.

E pela Fé somos aceitos por Deus, diz o próprio Jesus: "Não foram vocês que me escolheram; pelo contrário, fui eu que os escolhi para que vão e dêem fruto e que esse fruto não se perca. Isso a fim de que o Pai lhes dê tudo o que pedirem em meu nome" (Jo 15.16), e o apóstolo Paulo afirma: "Pois o evangelho mostra como é que Deus nos aceita: é por meio da fé, do começo ao fim. Como dizem as Escrituras sagradas: "Viverá aquele que, por meio da fé, é aceito por Deus"" (Rm 1.17). Deus nos aceita pela Fé. Pela fé que é um presente dado por Deus, somos escolhidos por Ele, e pela fé somos capacitados a produzir frutos através dos dons que Deus nos dá. E esses dons têm como objetivo refletir o verdadeiro DOM, a FÉ.

E pelo maravilhoso dom da fé, somos aconselhados pelo apóstolo Paulo a fazer de tudo para conservar, por meio da paz que nos une, a união que o Espírito dá. Ou seja, somos aconselhados a permanecer amarrados, ligados, assim como todas as partes do corpo são ligadas. E como diz Paulo, só podemos nos manter unidos por causa unidade que também há em Deus. Deus pai, Filho e Espírito Santo, três pessoas, um só Deus, mas todos trabalham juntos para nosso bem, para nossa salvação.

Dentro da igreja que é o corpo de Cristo, não importa qual seja o dom, não há um dom melhor que o outro. Através de nossos dons, Deus une a igreja. E a igreja é mantida pelo amor de Deus. Aliás, interessante é a palavra amor que Paulo usa aqui. O termo é ágape. Ou seja, amor de Deus por nós. E ao usar essa palavra o apóstolo Paulo de certa forma está aconselhando a cada cristão a tomar uma atitude madura e sadia em prol do seu irmão, que tem um dom para servir, mas que tem o mesmo dom que todos eles, a fé. Quando Paulo usa o termo ágape, palavra quem do vocábulo agan. Isso nos remete a um conselho prático que nos ensina a diante das pessoas, sem nos importar com qual é o seu dom, recebê-la com alegria; acolhe-la; amá-la ternamente. E ainda com respeito às coisas: estar satisfeito, estar contente sobre ou com as coisas que temos recebido, inclusive os dons que Deus nos concede.

Não podemos como corpo de Cristo, nos desunir, por estarmos insatisfeitos com aquilo que recebemos de Deus, pois o que de mais importante nos era necessário para a salvação Deus nos concedeu e concede, a FÉ. Não podemos como corpo de Cristo, estando na mesma fé, e tendo um só Senhor, nos desunir começando a classificar esse dom e aquele como melhor que outro. Todos os membros do corpo são importantes, assim também é dentro da igreja. E tudo o que Deus fez e faz é para unir a igreja. Ele deu e dá a sua igreja a palavra, os sacramentos. Meios pelos quais Deus fala e alimenta sua igreja, seu corpo. E por esses alimentos une cada vez mais pessoas diferentes num mesmo corpo e Espírito.

Conclusão

Como nós agimos, ou reagimos diante da diferença? Que as atitudes egoístas e individualistas sejam evitadas, pois recebemos do apóstolo Paulo conselhos práticos para conviver em meio ao único dom que é a fé exercendo os nossos muitos dons. Que o façamos de tudo para preservar a união que o Espírito nos dá e que façamos isso com amor, recebendo todos com alegria, acolhendo e amando ternamente a todos os irmãos, pois dom por dom, todos nós temos um único e maravilhoso dom idêntico, a FÉ.

Termino com as palavras da espístola de Judas: "Porém vocês, meus amigos, continuem a progredir na fé, que é a fé mais sagrada que existe. Orem guiados pelo Espírito Santo. E continuem vivendo no amor de Deus, esperando que o nosso Senhor Jesus Cristo, na sua misericórdia, dê a vocês a vida eterna" (Jd 20-21)

Pastor Edson Ronaldo Tressmann - Alto Alegre dos Parecis (RO)

Gênesis 4.1 - Sermão para Dia do Papai

Introdução

Hoje, segundo domingo de agosto, é celebrado no Brasil o dia do Papai. O Dia do Papai é celebrado nos diversos países do mundo em datas diferentes, e foi incluído em nosso calendário brasileiro no ano de 1956.

Perguntamos: Quando foi celebrado pela primeira vez o dia do papai? Sem dúvida, quando Adão tomou seu filho primogênito, Caim, em seus braços e Eva lhe disse: Adquiri um varão, o Senhor. (Gn 4.1)  (Na maioria das traduções lemos: Adquiri um varão, com o auxílio do Senhor)

Quando Deus criou Adão e Eva, ele inscreveu sua santa Lei no coração humano. Nesta lei consta o Quarto Mandamento: Honrarás o teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá. (Êx 20.12; Dt 5.16) Mesmo após a queda em pecado, que ofuscou parcialmente o conhecimento da lei nos corações humanos, o conhecimento rudimentar da lei ficou. Por essa razão, mesmo nos povos mais antigos, o respeito ao pai permaneceu. O pai era muito respeitado nas antigas culturas, como na Mesopotâmia, no Egito, na Grécia, no antigo império Romano.

Hoje, no entanto, com o movimento da emancipação da mulher e a revolução sexual, o homem parece estar enfrentando uma crise de identidade. Ele não sabe mais qual é o seu verdadeiro papel como marido e como pai. Ele trabalha. Traz o dinheiro para casa e busca o seus prazeres e alegrias fora do lar. Os textos bíblicos como: Far-lhe-ei uma auxiliadora, (Gn 2.18) ou: O marido é o cabeça da mulher, (Ef 5.23) especialmente quando lidos em cerimônia de casamento - muitos até já os deixam fora - sempre vemos que algumas pessoas expressam um sorriso zombeteiro. Por essas e outras razões vale a pena refletirmos, hoje, um pouco sobre as funções do pai.

Onde os pais encontrarão a orientação para tanto? Sem dúvida e unicamente na palavra de Deus. Queremos fazê-lo à base dos versículos que Lutero colocou na Tábua dos Deveres, aos Maridos e aos Pais, que resume o que Deus tem a dizer aos maridos, pais e filhos, onde lemos:

Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e tendo  consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, por  isso que sois juntamente herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam  vossas orações. (1Pe 3.7) E não as trateis com amargura. (Cl 3.10) Vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação  do Senhor. (Ef 6.4; Cl 3.21)

Funções do pai

Nem todos os homens são pais. Pai é um homem casado que gerou um ou mais filhos. E assume assim sua alta responsabilidade de prover e defender seu lar, bem como educar, ensinar, orientar, admoestar e consolar seus filhos, por palavra e pelo exemplo. Isto não é tarefa fácil.

Em primeiro lugar, o apóstolo admoesta a viver a vida comum do lar, com discernimento. O que significa isto? É fácil viver a vida comum do lar? Sabemos que não. Afinal, não são dois santos que estão unidos no matrimônio até que a morte os separe. Na vida cristã, são dois cristãos, amados por Deus, filhos de Deus pela fé em Cristo, e como novas criaturas, templos do Espírito Santo  amam a Deus e ao próximo. O amor a Deus se revela pelo amor à sua Palavra e seus mandamentos. O casal, pai e mãe, ainda têm sua natureza pecaminosa que diariamente os tenta para não darem crédito à palavra de Deus. Por isso há fraquezas e quedas. É preciso apego à palavra de Deus, oração, admoestação e consolo mútuo. É a palavra de Deus dá ao casal cristão o discernimento, a luz para verem corretamente as diferentes situações e o que fazer. Esta Palavra dá força para que o amor ao próximo seja a linha mestra que guia suas ações.

Por vezes, há momentos em que também o cristão tem vontade de largar tudo e sair correndo. É nesses momentos que Satanás propõe soluções que parecem mais fácil. E não faltarão atrações de pessoas do sexo oposto seduzindo para caminhos errados. Mas a consciência, guiada pelo Espírito Santo lhes dirá, lembre: O que Deus ajuntou não separe o homem. (Mt 19.6) Abandonar o lar é como um soldado que abandona seus colegas na frente da batalha, é um desertor, que será julgado como traidor e condenado. Cabe-lhe sincero arrependimento, para voltar a Deus.

Ao marido e pai cabe lutar pelo sustento da família, no que sua esposa lhe será auxiliadora. Ele também a defenderá nos momentos de perigo. Temos, entre outros, o exemplo de José, o pai adotivo de Jesus. José foi avisado pelo anjo que Jesus corria perigo de vida. O rei Herodes queria matar o meninos Jesus. José teve que tomar sua esposa Maria e o menino, à noite e fugir para o Egito. Não deve ter sido fácil para José atravessar o deserto, viver como estrangeiro, num país de língua e costumes diferentes e lutar ali pelo sustento de sua família. Mas, ele se sacrificou pela família em obediência à voz de Deus. Nisso tornou-se um exemplo para os pais de todos os tempos. Isto só é possível, quando o casal se debruça diariamente sobre a palavra de Deus em oração, dizendo: Fala Senhor, porque o teu servo ouve. (1 Sm 3.10)

Em segundo lugar, cabe ao esposo, como cabeça e sacerdote do lar, ensinar os filhos, educá-los, guiá-los e repreendê-los e quando erram, consolá-los para reerguê-los. Quando são pequenos, impomos muitas vezes nossa vontade. Mas quando os filhos entram na adolescência eles fazem muitas vezes valer sua vontade, querem mais liberdade, então os pais já não impõem sua vontade simplesmente à força, mas agem mais como conselheiros.

Numa pesquisa feita com jovens adolescentes, notou-se que eles anseiam por liberdade e ao mesmo tempo requerem dos pais proteção e segurança. Parece um paradoxo. Cabe aos pais entender e atender bem o anseio deles por liberdade e ao mesmo tempo, prover-lhes proteção e segurança. Isto nem sempre é fácil. Eles precisam aprender que há limites para o bem deles. Pois Deus deu seus mandamentos visando o bem da humanidade.

Como é fácil, no momento em que não fazem à vontade dos pais, quando não obedecem ao pé da letra, perder a calma e gritar com eles. Ou então, em nosso egoísmo, até por ordens mal dadas, por exigir de mais deles, limitá-los demais, provocar os filhos à ira, contra o que o apóstolo admoesta, dizendo: Vós, pais, não provoqueis os vossos filhos à ira.

Educar, disciplinar e guiar os filhos é uma tarefa que requer discernimento e oração; sim, muita oração.

Cada filho ou filha é diferente. Um mais sensível, onde basta um olhar, uma palavra; outro mais insensível; um mais voltado para o intelectual, outro mais para a vida prática, etc. Os pais precisam compreender cada um deles e cada um requer um tratamento diferenciado.  

Como já o dissemos: Na adolescência os pais não primam pela ordem, mas pelo conselho. Muitas vezes os filhos não vão concordar com o conselho dos pais. E nós só podemos dizer: Filho, ou filha eu não faria isso, dando as razões. Mas, dependendo o caso, deixar que realizem seu intento. Se der certo, podemos elogiá-los. Se der errado, precisamos animá-los a que prossigam, buscando acertar. Se notarmos erros, precisamos ter o cuidado em analisar o erro: Foi fraqueza, descuido ou foi propósito e obstinação?  Eles realmente compreenderam porque não devem fazer isto ou aquilo? Também nós pais precisamos compreender, porque não querem fazer isto ou aquilo. Será porque seus amigos e colegas todos agem de forma diferente? Vestem, falam e se divertem diferente? E eles não querem passar vergonha diante de seus colegas? Precisamos de paciência para instruir. Mas quando agem por obstinação de sua natureza carnal, precisam ser repreendida com força. Muitas vezes quando erraram, notamos que eles reconheceram o erro e não precisam de repreensão, pelo contrário da palavra do perdão para reanimá-los.

Sobre tudo, por mais ocupados que estivermos, precisamos tomar tempo para os filhos. Por vezes eles nos pedem para levá-los ou buscá-lo, à noite, de uma festa de amigos, ou da reunião dos jovens. Há pais que, em seu egoísmo próprio, nunca têm tempo para os filhos, para lhes proporcionar alegrias ou recreação. Não devem se admirar mais tarde, quando os filhos não terão tempo para os pais. O lar não lhes foi um doce lar, para onde gostam de retornar para estarem com os pais ou buscarem seus conselhos. A tarefa de ser pai requer sacrifícios, paciência e oração. Sobre tudo, importa gravar no coração dos filhos a palavra de Deus. Isto acontece especialmente pela devoção no lar, pela participação nos cultos, pelo estímulo para que leiam a Bíblia, pelo aconselhamento com  a palavra de Deus, para que sejam educados no temor do Senhor.  para que temam a Deus. Esta palavra os guiará em todas as situações da vida, admoestando e consolando para não se afastarem do caminho para a vida eterna.

Conclusão

Ouçamos mais uma vez os versículos que Lutero reuniu na Tábua dos Deveres, acrescentando ainda a palavra aos filhos:

Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, por  isso que sois juntamente herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam  vossas orações. (1Pe 3.7) E não as trateis com amargura. (Cl 3.10) Vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor. (Ef 6.4; Cl 3.21) Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isso é justo. Honra a teu pai e atua mãe que é o primeiro mandamento com promessa, para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra. (Ef 6.1-3)

Oremos:  Querido Pai celestial, de quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra, conceda, segundo a riqueza de tua glória, que sejamos fortalecidos com poder, mediante o teu Espírito no homem interior; e, assim possamos compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o cumprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejamos tomados de toda a plenitude de Deus. Sim, aquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja em Crito Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém (Efésios 3.4-21)

Abençoado dia do Papai.

Pastor Horst Kuchenbecker - São Leopoldo (RS)

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Células Tronco - Um enfoque cristão (entrevista com o pastor Rafael Nerbas)

Neste momento em que a Lei de Biossegurança está em discussão no país, muitos bucam informações e subsídios para uma tomada de posição quanto ao tema.

Contribuindo para este debate, o Toque de Vida publica esta entrevista que o Rev. Rafael Nerbas, pastor da Igreja Luterana, estudioso de temas relacionados à Bioética, concedeu em 2005. Nela, aborda, entre outros temas, as pesquisas com células-tronco.

-O Sr., como um dos representante da Igreja Luterana, é contra ou a favor das pesquisas e dos tratamentos com células-tronco embrionárias? Por que?

Sou contrário às pesquisas e tratamentos com CT embrionárias pelo seguinte motivo: defendemos o direito e respeito à vida em todos os seus estágios de desenvolvimento, o que inclui o estágio embrionário. A retirada das CT significa a destruição do embrião, sendo em nossa opinião, a interrupção de uma vida humana, não importando a finalidade, por mais nobre que seja, da pesquisa. Os fins não justificam os meios quando se trata de vidas humanas. Deus, o Criador, atribui uma dignidade sagrada à vida de cada ser humano desde o momento inicial – a fecundação.

-Qual seu parecer quanto à aprovação de leis que regulamentam a clonagem terapêutica?

A aprovação de leis que permitam a clonagem terapêutica abrem precedentes perigosos para o avanço de técnicas de clonagem humana. A clonagem humana, em minha opinião, não deve ser permitida pois as conseqüências sociais prováveis não são nada animadoras. A humanidade precisa tomar conta de forma adequada e justa de milhões de miseráveis morrendo de desnutrição, de falta de condições dignas de sobrevivência, antes de se preocupar em clonar alguém. Os recursos para a pesquisa da clonagem continuarão sendo muito melhor empregados em outras pesquisas que resultem em proveito para a humanidade em sua maioria. Por isso, a aprovação da clonagem terapêutica é perigosa, pois legalizaria o processo necessário para se ir além dela, sendo difícil o controle se de fato se usariam apenas os embriões clonados para retirada de CT ou se continuaria o processo implantando e produzindo clones humanos.

- Qual sua posição quanto à clonagem reprodutiva?

Como já expresso acima, a clonagem humana traria impactos muito mais difíceis de resolver e aceitar do que benefícios à humanidade como um todo. Além disso, do ponto de vista teológico, seria avançar demais na manipulação da vida humana, um desafio à soberania do Deus Criador.

- Para a Igreja, quando inicia a vida do ser humano?

A Igreja Luterana tem como princípio basear sua teologia e doutrina na Bíblia unicamente, por acreditar ser esta a revelação de Deus à humanidade. Não há nenhuma passagem bíblica que responda a essa pergunta de forma clara, mesmo porque a Bíblia não é um manual de instruções e seu objetivo não é ser um compêndio de perguntas e respostas sobre a existência humana, mas seu objetivo principal é revelar o amor de Deus ao mundo através de Jesus Cristo. Mas o direito e respeito à vida humana fazem parte dos mandamentos de Deus e especialmente importantes nas palavras de Jesus no Novo Testamento. Há passagens bíblicas que são teologicamente importantes quanto ao valor atribuído por Deus à vida humana desde os seus estágios iniciais de desenvolvimento. Exemplo: Jó 10.8-12; Salmo 51.5; Salmo 139.13-16; Jeremias 1.5. A teologia luterana leva em conta os aspectos lingüísticos do hebraico e grego, línguas originais do relato bíblico. Em ambas, não há distinções importantes de palavras para estágios de vida humana – pelo contrário, palavras que nesses versículos são traduzidos como "feto" ou "substância informe" por exemplo, aparecem em outras passagens e outros contextos traduzidas como "filho", "criança", e até "adolescente". Os aspectos lingüísticos reforçam portanto a opinião de que vida humana é sagrada desde o seu início na fecundação. Aliada a esta posição bíblica, defendemos a opinião de que no momento da fecundação/fertilização está ali uma nova célula com código genético próprio, uma nova pessoa. Mesmo a questão da possibilidade de divisão (gêmeos) posterior não afeta isso, porque a questão da individualidade não elimina a questão da pessoalidade. Também defendemos a fecundação porque qualquer tentativa de classificação posterior do início da vida humana é subjetiva, dependendo de critérios de avaliação, e criterização identificando quem é humano e quem não é já deu mostras suficientes de seu perigo na história da humanidade. Para não se correr o risco de errar no critério subjetivo e então pecar eliminando uma vida humana, adota-se o critério mais objetivo possível – a fertilização como primeiro estágio identificado de mudança genética, de surgimento de algo novo, de início de um processo que só se extinguirá na morte do indivíduo.

- O Sr. acredita que seria mais viável o uso de células-tronco adultas, ou o uso de células-tronco embrionárias? Por qual motivo?

Acredito. Pude participar em julho de 2005 de um Simpósio Nacional sobre CT promovido pelo Cremers em Porto Alegre. Neste encontro que contou com a presença de, entre outros, Dr. Carlos Antonio Gottschall, Dra. Nanci Nardi, Dr. João Pedro Marques Pereira, Dr. Luiz Fernando Bouzas, ficou evidenciada a maior probabilidade de sucesso e avanço nas terapias com CT adultas. Mesmo a questão do maior potencial de diferenciação, que há pouco se atribuía como exclusiva às CT embrionárias, já se sabe que é própria de alguns tipos de CT adultas também. Além disso, a ausência de questionamentos éticos maiores e a vantagem da compatibilidade genética e riscos de rejeição menores fazem das CT adultas um caminho mais viável. Repetindo uma frase dita por uma das palestrantes: "a CT embrionária não é a única e talvez nem seja a melhor".

- Como o senhor acha que será o futuro das pesquisas com células-tronco embrionárias? O Sr. acha que há razões para tanta esperança?

Em primeiro lugar, entre ser moral ou pragmática, a ciência sempre optou pela segunda opção ao longo da história, o que indica que mesmo o questionamento ético e reações contrárias não impedirão o avanço na pesquisa com CT embrionárias, e em nosso país com a facilidade da Lei de Biossegurança aprovada. Penso ser complicada a questão da posterior formação de tumores e a questão da incompatibilidade genética. Mais complicada ainda é a aprovação da clonagem terapêutica como solução para a incompatibilidade. A esperança pode ser mais conseqüência do apelo da mídia que realidade, visto o insucesso até agora nas experiências com embrionárias ainda em animais de porte menor. Do ponto de vista cristão e luterano, temo que tal esperança coloque em risco outra esperança de ver a vida humana respeitada em qualquer estágio de desenvolvimento.

- Manter a vida de homens e mulheres adultos utilizando células-tronco embrionárias pode ser considerada "prioridade" em comparação a manter a vida do embrião?

Penso ser complicado falar em prioridade, ainda que entre aspas, quando se trata de vidas humanas em jogo. Se há vida humana em perigo, esta é sempre prioritária, o que faz do embrião alvo de proteção a qualquer custo. Defendo a priorização da pesquisa com CT adultas que podem revelar num futuro próximo soluções efetivas que dispensem o sacrifício de embriões.

- Alguns religiosos afirmam que embriões não deveriam ser destruídos porque eles não tem condições de usar a própria autonomia no momento de optarem sobre a sua destruição. O Sr. acredita que o status moral do deve ser levado em consideração ou o Sr. acredita que o embrião não possui status moral?

Não é uma questão de status moral, mas de respeito ao direito sagrado à vida. O início da vida não é resultado de opção ou escolha do indivíduo, mas da ação criadora de Deus que dá origem à vida. Portanto, a morte ou destruição também não pode ser enquadrada como questão de opção ou escolha, mas coloca-se debaixo da soberania de Deus sobre a vida humana.

- Assim como falam alguns especialistas, é grande o risco de as biotecnologias vieram a tratar o homem não como um fim em si mesmo, mas também como meio para as pesquisas? O Sr. acredita que isso possa ocorrer?

Não só pode como já ocorreu diversas vezes na história da humanidade, e pode estar ocorrendo agora em nosso país, quando a pressão da mídia e da bancada ruralista pela aprovação da lei de Biossegurança regulamentando os transgênicos foi utilizada como oportunidade para inclusão nessa lei de um parágrafo um tanto deslocado no contexto da lei aprovando a liberação dos embriões congelados há mais de 3 anos. O mais intrigante é o contra-senso na questão legal, pois transita no Senado há mais de 2 anos projeto de lei que prevê proibição do congelamento de embriões e limita a 1 embrião implantado na Fertilização in Vitro. Passou-se por cima desse projeto aprovando essa inclusão em cima da hora desse item na Lei de Biossegurança e justificando-se a mesma com apelos emocionais – tratando a vida humana não como um fim em si mesmo, mas um meio para as pesquisas.

- O Sr. acha que a liberação das pesquisas com embriões pode levar a clonagem e a bioindústria?

Sim, pelo apelo posterior e provável pela aprovação da clonagem terapêutica como solução de problemas na utilização de possíveis terapias com embrionárias num futuro próximo.

- Como o Sr. vê a participação da sociedade nesta questão com embriões?

Há pouco acesso à informação clara e precisa que contemple os dois lados da questão. A mídia classifica as opiniões contrárias à utilização dos embriões como opinião religiosa retrógrada ou fanática, ignorando que a religião cristã não é contra a vida humana, nem contra a ciência em si, muito menos contra a busca de esperança para milhares de pessoas ainda sem perspectiva de cura de suas doenças. O cristianismo é, porém, uma das vozes dignas de serem ouvidas com respeito nesse debate e não pretende nada mais do que a proteção ao direito sagrado à vida.

Entrevista publicada no blog Toque de Vida (veja link nesta página)

Célula Tronco - O que é?

Células-tronco são células mestras que têm a capacidade de se transformar em outros tipos de células, incluindo as do cérebro, coração, ossos, músculos e pele.

Células-tronco embrionárias são aquelas encontradas em embriões. Essas células têm a capacidade de se transformar em praticamente qualquer célula do corpo. São chamadas pluripotentes. É essa capacidade que permite que um embrião se transforme em um corpo totalmente formado. Cerca de cinco dias após a fertilização, o embrião humano se torna um blastócito uma esfera com aproximadamente 100 células. As encontradas em sua camada externa vão formar a placenta e outros órgãos necessários ao desenvolvimento fetal do útero. Já as existentes em seu interior formam quase todos os tecidos do corpo. Estas são as células-tronco de embriões usadas nas pesquisas.

Células-tronco adultas

O corpo possui outras células-tronco, que continuam a existir até mesmo na idade adulta. Por exemplo, o sistema hemopoiético (produtor das células sangüíneas), que fica na medula dos ossos, contém células-tronco adultas, que somente conseguem se diferenciar nessas células, e não em outras. No jargão científico, são células chamadas de multipotentes. Atualmente essas células já são utilizadas para repor a medula óssea destruída por quimioterapia ou radioterapia contra o câncer.

A novidade é que o governo federal norte-americano, que financia 90% das pesquisas básicas e aplicadas realizadas nesta área, resolveu suspender a moratória que proibia a pesquisa com células-tronco retiradas de embriões abortados. O problema que havia antes com relação essas regrar restritivas é que os grupos pró-vida americanos, que são contra o aborto e a reprodução assistida ("bebês de proveta"), por motivos religiosos ou éticos tinham conseguido influenciar o governo. A única fonte de células-tronco totipotentes e pluripotentes é embriões geralmente obtidos de tentativas de fertilização in-vitro, que existem literalmente às centenas de milhares, congelados em nitrogênio líquido, em clinicas e hospitais que realizam esse procedimento.

Explicando: quando um casal tem dificuldade de ter filhos, uma das técnicas mais usadas é retirar vários óvulos da mulher (geralmente induzidos por poderosas doses de hormônios), e fertilizá-los fora do corpo, usando o esperma do homem. Os embriões assim formados se desenvolvem por alguns estágios ainda fora do corpo, e, se viáveis, são implantados no útero (da mesma mulher, ou de outra, a chamada "barriga de aluguel") para crescer. Os embriões gerados em excesso são armazenados para fazer outras tentativas, caso as primeiras implantações não funcionem (apenas 20% funcionam), mas acaba acontecendo quase sempre que sobrem embriões.

Atualmente muitos países proíbem a destruição desses embriões, ou seu reaproveitamento para pesquisas científicas. Isso está gerando um enorme problema, pois depois de 5 a 7 anos em estoque os embriões podem degenerar em qualidade e não podem ser mais aproveitados para doações ou implantações.

Como é evidente que milhões de vidas poderão ser salvas, e outras centenas de milhões de pacientes em todo o mundo poderão ser curados se a pesquisa com células-tronco puder avançar, a decisão do governo norte-americano é muito bem vinda. No entanto, os problemas éticos continuam, pois não podemos perder de vista os limites que impeçam o abuso (imaginem alguma empresa pagar pessoas para doar óvulos e esperma para produzir embriões, que serão em seguida destruídos para aproveitar as células-tronco).

A Associação Americana para o Progresso da Ciência (www.aaas.org) recentemente emitiu um relatório sobre a pesquisa com células-tronco, em que recomenda que somente embriões doados pelos seus legítimos pais sejam usados em pesquisas. É uma saída, mas que vale apenas para os EUA. Limitações éticas rigorosas como essa não costumam ser seguidas por empresas, e muito menos por outros países.

Os cientistas geralmente obtêm essas células de embriões descartados em clínicas de fertilidade. Os embriões criados pelo espermatozóide e óvulo de um casal -- e que não são implantados no útero nem destruídos pela clínica -- podem servir como fontes de células-tronco.

As qualidades de transformação das células-tronco podem representar tratamentos para muitas doenças que afetam milhões de pessoas no mundo. Por exemplo, uma injeção de células-tronco no cérebro de um portador de mal de Parkinson pode regenerar as funções dos neurônios do paciente e levar à cura. Outras terapias podem incluir diabete, mal de Alzheimer, derrames, enfartes, doenças sanguíneas ou na espinha e câncer.

Com o uso dessas células, os cientistas poderiam testar os efeitos terapêuticos e colaterais de drogas em tecidos humanos, sem ter a necessidade de utilizar animais. As células-tronco poderão também ser usadas no tratamento de problemas genéticos.

Apesar de poder crescer em quantidade ilimitada em laboratório, as células embrionárias podem ser rejeitadas pelo sistema imunológico do paciente quando transplantadas, podendo inclusive gerar tumores. Como as células-tronco adultas oferecem a possibilidade de ser retiradas do próprio paciente, evita-se o risco de rejeição. No entanto, ainda há dúvidas sobre sua capacidade de transformação em outras células. Além disso, sua produção em laboratório na quantidade necessária é mais difícil.

Para algumas pessoas, como grupos religiosos e antiaborto, a destruição de um embrião é o mesmo que matar um ser humano. Fonte: < http://www.biomania.com.br/biotecnologia/cel_tronco.phpp

O que é célula-tronco
(Mayana Zatz)
- É um tipo de célula que pode se diferenciar e constituir diferentes tecidos no organismo. Esta é uma capacidade especial, porque as demais células geralmente só podem fazer parte de um tecido específico (por exemplo: células da pele só podem constituir a pele).

Outra capacidade especial das células-tronco é a auto-replicação, ou seja, elas podem gerar cópias idênticas de si mesmas.

Por causa destas duas capacidades, as células-tronco são objeto de intensas pesquisas hoje, pois poderiam no futuro funcionar como células substitutas em tecidos lesionados ou doentes, como nos casos de Alzheimer, Parkinson e doenças neuromusculares em geral, ou ainda no lugar de células que o organismo deixa de produzir por alguma deficiência, como no caso de diabetes.

As células-tronco são classificadas como:

Totipotentes ou embrionárias - São as que conseguem se diferenciar em todos os 216 tecidos (inclusive a placenta e anexos embrionários) que formam o corpo humano.

Pluripotentes ou multipotentes - São as que conseguem se diferenciar em quase todos os tecidos humanos, menos placenta e anexos embrionários. Alguns trabalhos classificam as multipotentes como aquelas com capacidade de formar um número menor de tecidos do que as pluripotentes, enquanto outros acham que as duas definições são sinônimas.

Oligopotentes - Aquelas que conseguem diferenciar-se em poucos tecidos.

Unipotentes - As que conseguem diferenciar-se em um único tecido.

Quais as funções naturais das células-tronco no corpo humano?

Elas funcionam como células curingas, ou seja, teriam a função de ajudar no reparo de uma lesão. As células-tronco da medula óssea, especialmente, têm uma função importante: regenerar o sangue, porque as células sangüíneas se renovam constantemente.

Onde ficam as células-tronco?

As células-tronco totipotentes e pluripotentes (ou multipotentes) só são encontradas nos embriões. As totipotentes são aquelas presentes nas primeiras fases da divisão, quando o embrião tem até 16 - 32 células (até três ou quatro dias de vida). As pluripotentes ou multipotentes surgem quando o embrião atinge a fase de blastocisto (a partir de 32 -64 células, aproximadamente a partir do 5.o dia de vida) - as células internas do blastocisto são pluripotentes enquanto as células da membrana externa do blastocisto destinam-se a produzir a placenta e as membranas embrionárias. As células-tronco oligopotentes ainda são objeto de pesquisas, mas podemos dizer como exemplo que são encontradas no trato intestinal. As unipotentes estão presentes no tecido cerebral adulto e na próstata, por exemplo.

O que torna a célula-tronco capaz de formar um tecido ou outro?

A ordem ou comando que determina, durante o desenvolvimento do embrião humano, que uma célula-tronco pluripotente se diferencie em um tecido específico, como fígado, osso, sangue etc, ainda é um mistério que está sendo objeto de inúmeras pesquisas.

Dra. Lavínia Faccini, (filha do prof. Donaldo Schüller)
E-mail: laviniafaccini@ufrgs.com.brr

Porto Alegre, RS: 12/03/2005
Este documento foi distribuído durante a palestra na reunião do Conselho Distritial do DIPA.